sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Hercus, um autonomista (pró indonésia) que estuda em Portugal?


Antes quando alguns timorenses acusaram-me que eu fosse um timorense autonomista integracionista eu estava fingido só para ver quem são verdadeiros amigos e quem não são. Agora eu já sei quem são. Até alguns vieram por facebook acusaram-me que eu, um autonomista, que aproveitou para estudar em Portugal. Faço essa acusação como o título desta escrita e mudei o título antes que era se eu fosse um autonomista.

Mas essas pessoas que me estavam acusar esqueceram que o actual Presidente da Fretilin no tempo da Resistência foi esconder no meu sub-distrito e no sub-distrito de Soibada. Se o actual presidente da Fretilin pediu as pessoas que o esconderam (o responsável da Fretilin) no meu sub-distrito de Laklubar essas pessoas de certeza absoluta iam responder que eu e a minha família somos pró-independência. Quando ele pediu a uma tia dos meus primos antiga deputada da Fretilin(que tem relação de sangue com Grande Comandante Nicolau Lobato), ela ia ficar com sorriso e ia responder Sr. Presidente o Hercus é pro independência. Ela e as suas familiares esconderam o Presidente da Fretilin na casa da sua família em Soibada. Ou se o deputado Inácio Moreira soubesse dessa notícia e ia perguntar ao seu primo Secondino Moreira (que está casado com a minha tia) ele ia responder o Hercus é pró-independência.Ou se essas pessoas queriam ver a lista dos nomes votantes pró-independência no meu bairro em Díli, o responsável da resistência ia dizer que eu sou pró-independência. 

Em relação com política eu já era militante da Fretilin, o meu avô era um dos três principais delegados da Fretilin em 1975 no meu suco e o meu pai era Falintil e o seu comandante era Diogo Moniz da Silva que era o pai de um dos meus primos. Ela era um dos principais membros do Comité Central da Fretilin em 1975.

Em relação com comandante Diogo Moniz da Silva eu ouvi o meu pai a contar algo sobre ele mas isso eu não quero comentar aqui. Espero só que um dia a Fretilin é que vai contar a sua história. Quando o meu pai contou sobre ele contou algo pouco esclarecido mas quando eu ouvi uma pessoa a contar que veio esclarecer mais aquilo que o meu pai contou eu fiquei assustado. Afinal o comandante Diogo Moniz da Silva era chave do conflicto interno da Fretilin em 1975. Mas tenho respeito ao Francisco Xavier do Amaral porque ele era casado com uma familiar de Osório Soares. Mesmo assim tenho muito respeito ao Nicolau Lobato porque ele era um grande estadista, um grande comandante, um grande inspirador da luta, um grande herói. Gosto muito da frase dele: A minha vitória é na última bala. 

Claro que eu tenho familiares integracionistas, o fundador do Partido Apodeti, José Osório Soares e o irmão do último governador Timor-Indonésia, Abílio Osório Soares. Eles eram os primos do meu avô paterno. (O meus avô e eles eram descendentes da Casa Real do Reino de Manelima).  Como família eles têm boa relação com o meu pai. O meu pai trabalhou na administração dos funcionários (Biro Kepegawaian) da província no edifício governador (kantor gubernur). Mas o meu pai não e nunca fez mal ninguém. O meu pai só queria relacionar bem com todas as pessoas. (Um dia vou contar como o meu avô ajudava pagar impostos das pessoas que iam pedir a sua ajuda no tempo português. Ou como ele protegeu a vida das pessoas que foram sentenciadas por pena da morte por um dos seus irmãos. Ou como ele protegeu o Liurai de Funar que era da UDT na guerra civil entre Fretilin e UDT. O meu avô era um dos três principais delegados da Fretilin do seu suco).  O meu pai tem consciência que politicamente eles são diferentes. Muito opostos. O que liga entre eles era e é relação familiar. Como podemos desligar a relação familiar com a família Osório Soares se a mãe do meu avô, Filomena Nae Nahak, era prima do pai do Governador Abílio Osório Soares, Fernando Osório Soares. A mãe do meu avô quando ainda era solteira era guardiã dos objectos sagrados da Casa Real de Manelima. O seu primo Fernando Osório Soares era professor catequista na escola missão católica de Soibada. Um outro primo chamado Luis Ferreira Soares era régulo e tomava conta também como chefe de suco de Manelima. Enquanto o bastão real era guardado por outro primo chamado Carlos Soares e era casado com  a filha de Filomena Nae Nahak, irmã do meu avô paterno, chamada Eugénia. Mais ainda um filho do casal Carlos Soares - Eugénia era casado com uma irmã do meu pai.. O meu pai tinha relação directa com o último irmão do eis governador Timor-Indonésia, chamado Francisco Osório Soares. Tinha relação apenas por questão familiar. Porque o meu pai gosta muito de falar "lia fetosan-umano". Quando houver "lia" foi e é o meu pai que falou e fala. Ele sabe muito bem falar dessas coisas. Política para ele não. Ele não tem jeito para isso. Mas ele é muito bom em coisas relacionadas com cultura, lia fetosan-umane,uma lisan e em fazer justiça para as pessoas que precisam.

Agora a família Osório Soares vive na Indonésia e que tem muito boa relação com o candidato mais forte para eleição presidencial da Indonésia, o antigo comandante do comando elite da Indonésia e o eis sogro do antigo presidente da Indonésia o ditador Soeharto. Como familiares eu não quero negar ninguém. Porque isso tem a ver com cultura que em Timor se chama lisan fetosan-umano. Mas na política somos totalmente diferentes. Eles eram integracionistas mas o meu avô era um dos principais delegados da Fretilin no meu suco (foi assim que na invasão da Indonésia em Timor-Leste os meus pais e avos foram fugir para mato e daí que morreram os meus três irmãos) onde assume agora o irmão do meu pai Dinis Ferreira enquanto o meu pai e nós moramos em Díli. O meu pai e  os seus irmãos continuam ser Fretilin (qual Fretilin eu já não sei se Fretilin com o seu presidente o Dr. Lu Olo ou outro movimento chamado Fretilin Resistência que apoia o nosso Maun Boot Xanana Gusmão eu também já não sei). Mas eu também tenho um familiar fundador da UDT, o autor do estatuto político da UDT o tio Domingos de Oliveira. Ele é o primo da minha mãe. Antes eu era Fretilin e depois eu sou da UDT por respeito ao meu padrinho Domingos do Espírito Santo que era detentor do poder real do nosso antigo reino e que era um dos principais elementos da UDT e ao meu tio Isidro Mateus que era o principal Lia-Na'in de Laklubar.

Uma vez troquei umas mensagens com o Francisco Lopes da Cruz. O antigo enviado especial do Soeharto, o ditador e eis presidente da Indonésia para o caso de Timor. Ele era também o antigo embaixador da Indonésia em Lisboa. Encontrámos por coincidência através de uma rede social e trocamos umas mensagens entre nós sobretudo eu estava a falar sobre ele sobre o seu ponto de vista sobre a política e sobre alguns livros que ele escreveu. Pois, eu gostei muito os livros das personalidades importantes. Eu já li muitas vezes os livros de Xanana Gusmão quando eu ainda estava em Timor fui sempre ao biblioteca Xanana Reading Room em Lecidere(Agora tive um livro dele em português), já li algumas sobre Ramos Horta, sobre Nino Konis Santana (escrito por Professor José Mattoso e ele pediu-me para traduzir para tétum). Eu já li também sobre Santo Inácio de Loyola, sobre Mário Soares, sobre Anibal Cavaco Silva, sobre o antigo presidente de Brazil Lula da Silva. Já li também os livros dos dois padres jesuítas portugueses-timorenses Pe. José Martins, SJ e Pe. João Felgueiras, SJ. Tenho um sonho de ler também os livros, biografias ou pensamentos de Dom Ximenes Belo, tio Domingos Oliveira, de Mário Carrascalão, de Francisco Xavier Amaral, de Taur Matan Ruak ( eu já encomendei na livraria Bertrand mas disseram-me que é difícil encontrar este livro em Portugal. O livro escrito por Dona Angela Carrascalão), de Zacarias da Costa, de Lere Anan Timur, de Lu Olo, de Marie Alkatiri, e de Abilio Osório Soares (se tiver eu gostava de ler). Para mim como jovem eu gostava de aprender e tirar proveito de tudo que é bom. Claro que no mundo temos que separar coisas positivas  das negativas. Acho que será proveitoso aprender com as experiências dos líderes. Eles de certeza têm uma coisa em comum: a capacidade de ultrapassar os desafios. Isso me inspira muito. Mais do que isso tiro proveito para servir melhor os outros. A minha vida deve ser para o bem dos outros. Não consigo fazer o bem para toda a gente mas pelo menos para os que estão ao meu redor, a minha freguesia ou sub-distrito já é basta.

Mas tenho respeito por Francisco Lopez da Cruz é também porque ele é tio dos meus primos. Um dos meus tios Inocêncio do Espírito Santo, antigo deputado da autarquia local de Manatuto, era casado com uma prima dele. Por isso, segundo a tradição tenho que respeitar os meus primos. Eu fui ensinado para respeitar os familiares. As pessoas mais velhas. Falar com delicadamente mesmo não gosto as ideias de uma terminada pessoa mas tenho que respeitar sempre as pessoas com toda a sua dignidade como ser humano.  Agora na vida política já é diferente. Cada um tem a sua posição política, as suas ideias políticas. Importante não misturar as coisas. Cada coisa no seu lugar. Se não for assim temos um risco de estragar as nossas relações familiares, as nossas amizades (no caso se termos entre nós amigos diferentes ideias políticas). Família, família, ou amigos, amigos política a parte.

Sei que no tempo da ocupação Indonésia eu tinha um familiar da família Osório Soares tinha mau relacionamento com Dom Ximenes Belo. Mas as pessoas também não devem esquecer que o irmão mais pequeno da minha mãe está casado com a prima de Dom Ximenes Belo, tia Catarina Filipe. Por isso é muito importante não misturar as coisas. Se tiver os problemas entre família Osório Soares e Dom Carlos isso fica entre eles. Eu só ouvi as pessoas a contar. Não sei. Mas se Dom Ximenes Belo perguntar a sua prima Catarina Filipe ela ia responder que eu e a minha família toda (pais, e irmãos dos pais e avôs paternos e maternos) todos somos pró independência.


Em relação com o tempo português também os meus familiares estavam divididos. O bisavô paterno da mãe que era régulo Dom João da Cruz estava contra o governo português. Mas o seu sobrinho Dato Jerimias Hahikwa’in que era o meu bisavô paterno ajudava Portugal a fazer guerra. 

Segundo o ensinamento da Igreja os meus pais não deviam contrair o sacramento matrimónio. Mas por intervenção do Liurai Aníbal do Espírito Santo que tinha muito poder obrigou o catequista Andre se não me engano o nome Andre, o completo Andre Doutel Sarmento (eu posso estar errado porque não sei muito bem o primeiro nome mas eu tenho certeza que o apelido Doutel Sarmento), o pai do antigo administrador de Manatuto do tempo da ocupação indonésia, Vidal Doutel Sarmento aceitou o registo paroquial para que os meus pais puderem receber sacramento matrimónio. Eu tenho também outros familiares que segundo o ensinamento da Igreja eles não podiam receber sacramento matrimónio. Mas eles estavam e estão casados por causa do costume. 

Eu não sei qual motivo levou o meu bisavô fazer guerra a favor de Portugal. O que eu sei porque eu fui contado que ele recebeu o prémio do estado português por causa da sua lealdade e serviço ao estado Portugal nas guerras. 

Contaram-me também que há alguns antepassados meus a fazer revoltas contra estado Portugal. No mapa das revoltas em Timor contra os portugueses eu encontrei também o reino dos meus antepassados (agora já não existe reino). Porque há alguns dos meus antepassados fizeram revoltas contra Portugal. 

O que eu sei também que quando o avô materno da minha mãe Dom José do Espírito Santo assumiu o cargo como régulo ele foi apoiado pelo governador Timor-Português. A sua “oficialização” como régulo decorreu no palácio do governador Timor-Português em Lahane-Díli.  Por isso se as pessoas acusaram-me segundo o que eram os meus antepassados elas vão estar enganadas. Ou se elas me acusaram só por ter relação familiar com o fundador da Apodeti então elas também vão estar enganadas. Por isso agradeço muito se as pessoas olham a mim como eu era, como eu fiz e como eu sou, como eu faço! Não como os meus familiares eram ou fizeram!

Quando eu vi e ouvi as histórias contadas do passado notei que todos sofreram. O sofrimento é que diferencia consoante do princípio de cada um. Mas eu não que ser contaminado com histórias passadas do lado negativo, rancor, ódio, etc. Eu quero respeitar a história e louvar a heroicidade de todos que lutaram para o bem do povo e da pátria Timor-Leste. Agora temos um dever novo que é ajudar construir a vida desse estado novo e sobretudo ajudar o povo que está a sofrer. Todos nós temos esse missão. Elevar a vida dos que sofrem e procurar fazer algo que beneficia para a comunidade em geral. Porque já temos herói dos tempos passados e agora Timor-Leste precisa um novo conceito de herói que é herói para a paz e para o desenvolvimento do país.

A verdade é que eu não sou ninguém: Não sou nada. Escrevo estas coisas apenas como um meio para aliviar o meu estress de ser alvo das acusações e também com intenção de esclarecer bem as coisas.

Se tiver coisas que eu escrevo mal peço desculpa e diga-me as suas correcções.

Obrigado pela vossa leitura e agradeço antecipadamente as vossas sugestões.